A tua memória falhou-te, falhou-nos hoje. Apagou-nos de ti. E apagou-se uma parte em mim.
Já me amavas e eu nem tinha nascido. Amavas-me de paixão, como eu a ti. Foste tu quem me ensinou a andar, que me mostraste o mundo, que me ensinaste as cores, que me levavas a passear, que ao fim de um dia de trabalho me ias buscar. Davas-me torradas com mel, ovos kinder, pastilhas Gorila, rebuçados de fruta, gelados. Fazias-me baloiços nas árvores, aviões de papel, jogavas às escondidas comigo. Levavas-me ao lago a ver os peixinhos, ao circo, ao rio, a todo o lado. Adormecias-me com músicas inventadas. Cuidavas de mim, como nunca mais ninguém o fez. Tu, sempre tu, avô de amor, de amar.